Poesia através de imagens.

sábado, 13 de junho de 2009

Fernando Pessoa - 121ª centenário de nascimento - Uma homenagem ao poeta e aos eternos namorados na noite de Santo Antonio


"Fingir é conhecer-se".


"O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente."


"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,

Não há nada mais simples.

Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.

Entre uma e outra coisa todos os dias são meus."


E como estava certo o grande mestre da poesia portuguesa pós- Camões.

Depois que a literatura descobriu Fernando Pessoa - ele por ele mesmo, e depois, todos os seus heterônimos, a poesia nunca mais foi a mesma. Nem eu.

Me recordo a primeira vez que li Tabacaria, por Álvaro de Campos. Foi como se um espírito tivesse lido a minha alma e impresso aquelas palavras sem o meu consentimento. Aquilo era meu.Foi escrito na minha mente e no meu coração por mim.A mim pertencia...

Imagino e sei que este mesmo impacto é causado no leitor que se deixa pegar distraído pela escrita deste gênio literário. Quem lê algum poema seu sem dar muito por ele, se vê repentinamente enredado por suas confissões , que são nossas confissões. Quem é que nunca teve a sensação de conhecer o seu amado Tejo, sem nunca tê-lo visto ?

E o que dizer sobre sua invenção de si mesmo, deixando-se invadir pelos outros eus?

O poeta é um homem que escreve. Não precisamos saber se seu nome é Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro ou Bernardo Soares. Ou simplesmente ele-mesmo. O que importa é saber da autenticidade de sua poesia sob esses nomes.

Incrível mesmo é ele ter nascido sob a influência do signo do amor. No dia de Santo Antonio , cuja data é celebrada simultaneamete com a do dia dos namorados. Justo ele, um solitário pela vida afora.Mas não podemos dizer que ele não o ansiasse ou não soubesse falar de amor.

Para celebrarmos sua poesia, o dia do santo casamenteiro e a união dos eternos enamorados e românticos do mundo, eis um soneto seu que podemos supor ser uma ode às deusas do Olimpo, que mesmo imortais e divinas também ansiavam por uma mensagem calorosa ao pé do ouvido, uma mensagem platônica, pois que ele não conseguiu viver um grande amor na sua realidade solitária. Uma pena.


INTERVALO


Quem te disse ao ouvido esse segredo

que raras deusas têm escutado -

Aquele amor cheio de crença e medo

Que é verdadeiro só se é segregado?...

Quem to disse tão cedo?


Não fui eu, que não te ousei dizê-lo.

Não foi outro, porque o não sabia.

Mas quem roçou da testa teu cabelo

E te disse ao ouvido o que sentia?

Seria alguém,seria?


Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?

Foi só qualquer ciúme meu de ti

Que o supôs dito, porque o não direi,

que o supôs feito, porque o só fingi

em sonhos que nem sei?


Seja o que for, quem foi que levemente,

ao teu ouvido vagamente atento,

te falou desse amor em mim presente.

Mas que não passa do meu pensamento

Que anseia e que não sente?


Foi um desejo que, sem corpo ou boca,

a teus ouvidos de eu sonhar-te disse

A frase eterna, imerecida e louca -

A que as deusas esperam da ledice

Com que o Olimpo se apouca.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Refazenda

Abacateiro acataremos teu ato

Nós também somos do mato como o pato e o leão

Aguardaremos brincaremos no regato

Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração

Abacateiro teu recolhimento é justamente

O significado da palavra temporão

Enquanto o tempo não trouxer teu abacate

Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão

Abacateiro sabes ao que estou me referindo

Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo

Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também

Abacateiro serás meu parceiro solitário

Nesse itinerário da leveza pelo ar

Abacateiro saiba que na refazenda

Tu me ensinas a fazer renda que eu te ensino a namorar

Refazendo tudo

Refazenda

Refazenda toda

Guariroba


Quando eu era pré-adolescente ouvi Gilberto Gil no rádio com o sucesso "No, woman no cry"(não chores mais), uma versão brasileira para o sucesso de Bob Marley, e logo depois veio outro sucesso marcante," Realce", o que fez com que eu o colocasse no rol dos grandes compositores da nossa MPB, mas devo confessar que até então, nunca tinha pensado em comprar um LP dele (sim, eu sou daquela fase dinossáurica).

Até que um dia eu ouvi esta canção "Refazenda", e tudo nela me chamou a atenção. O ritmo vagaroso e envolvente, quase sensual e misterioso, a musicalidade silábica das palavras, o sotaque baiano e agudo de Gil, os versos rimados e poéticos compostos por um vocabulário quase impensado num ambiente em que as músicas são feitas para reflexão ou para romancear um caso de amor, ou para falar de situações concretas do cotidiano de alguém.

A matéria prima desta canção é a sua rústicidade primordial. Refazenda, fazenda, abacate, guariroba, mato, tempo...não há como não seguir no seu embalo e não nos situarmos no contexto pelo qual ele refigurou.

E como uma andarilha e em tempos pró ecologia, todas às vezes que me sinto acolhida pela natureza, no mato, na estrada, entre árvores, Refazenda vem a minha mente, quase como um mantra representativo do verde. Salve Gil!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Águas de março



É pau, é pedra, é o fim do caminho







É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol

É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira,
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da caseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira,
Passarinho na mão, pedra de atiradeira.
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma ponta, é um ponto
É um peixe , é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando.
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada.
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama.
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã.
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida, no teu coração.
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé.
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã.
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.


Antonio Carlos Jobim - maestro e mestre.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Let your soul be your pilot - Sting


This is one of the most beautiful songs I know. It's a true hymn to warm a hurt heart.Sting is a sensitive and wonderful poet.Most of my interest in learning English came from the enchanting feelings his music and his lyrics bring out of me.
Esta é uma da canções mais belas que conheço.É um verdadeiro hino para aquecer um coração ferido. Sting é um poeta maravilhoso e sensível. Muito do meu interesse em me aprofundar na língua inglesa deve-se ao encantamento que a sua música e o seu eu-lírico despertaram em mim.



  • When you're down and they're counting
    When your secrets all found out
    When your troubles take to mounting
    When the map you have leads you to doubt
    When there's no information
    And the compass turns to nowhere
    that you know well
    Let your soul be your pilot
    let your soul guide you
    He'll guide you well

    When the doctors failed to heal you
    When no medicine chest can make you well
    When no counsel leads to comfort
    When there are no more lies they can tell




    No more useless information
    And the compass spins
    The compass spins between heaven and hell
    Let your soul be your pilot
    Let your soul guide you
    he'll guide you well

    And yours eyes turn towards the window pane
    to the lights upon the hill
    The distance seem so strange to you now
    And the dark room seems so still

    Let your pain be my sorrow
    Let your tears be my tears too
    Let your courage be my model
    That the north you find will be true
    When there's no more useless information
    And the compass turns to nowhere
    That you know well

    Let your soul be your pilot
    Let your soul guide you
    Let your soul guide you
    Let your soul guide you
    Upon your way

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vento de maio







Vento de maio
Rainha de raio
Estrela cadente

Chegou de repente
o fim da viagem
agora já não dá mais
pra voltar atrás

Rainha de maio
valeu o teu pique
apenas para chover
no meu picnic
Assim meu sapato
coberto de barro
apenas pra não parar
nem voltar atrás
chegou de repente o fim da viagem
agora já não dá mais.

Nisso eu escuto no rádio do carro
a nossa canção
Sol, girassol
e meus olhos abertos de tanto se dar
E quase que eu me esqueci
que o tempo não para, nem vai esperar

Vento de maio
Rainha dos raios de sol
Vai no teu pique estrela cadente
até nunca mais
Não te maltrates
nem tentes voltar o que não tem mais vez
Nem lembro teu nome , nem sei
estrela qualquer lá do fundo do mar
Vento de maio
Rainha dos raios de sol.

Lô Borges.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Flores




Nas minhas caminhadas matinais a câmera é


uma companheira inseparável , conhecedora


íntima do que se passa na minha alma todas
às vezes que clico uma imagem de algo que me comove ou que me cala fundo no peito.


Reproduzir em imagens o que meus olhos enxergam e compartilhar com as pessoas este encantamento, é como uma poesia não pronunciada ; como uma canção que persiste em tocar nos nossos ouvidos sem que seja necessária a materialização do rádio. Basta sentir.

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